Rádio Blogue: Cuidar do ego
Em final de semana, como habitualmente, revemos os comentários ao tema da semana- no caso, a juventude alcoólica.
Com Carla Hilário Quevedo e Antonieta Lopes da Costa
6ªf, 4 de Junho- 10.35/ 19.35
Domingo, 6 de Junho- 18.35
Nos próximos dias queremos saber o que pensa da obsessão com a imagem. O texto de Carla Hilário Quevedo é publicado aqui em parceria com o jornal Metro. Se preferir, pode dar-nos a sua opinião através do 21.351.05.90. Até às 16h da próxima 4ªf, véspera de feriado.
Cuidar do ego
Há dois momentos na vida em que homens e mulheres desvairam. O primeiro acontece com o aparecimento dos raios de sol, por volta de meados de Abril ou no princípio de Maio. A mais um Inverno demasiado longo e frio, em que todas as partes do corpo viveram escondidas e sossegadas, sucede o momento do choque e espanto a experimentar um biquíni de praia ou umas calças levezinhas. Há gordura onde antes havia formosura e há barriga onde antes parecia estar tudo bem. A preocupação com o corpo não é exclusiva das mulheres. Nos últimos anos, as melhores marcas de cosmética têm propagado a ideia de que os homens também se preocupam com a sua imagem. A tese pode parecer paranóica. Mas a actividade publicitária não consiste precisamente em criar necessidades em mercados desinteressados? Porém, a preocupação masculina com o corpo não é uma novidade. Por volta de meados de Abril ou no princípio de Maio lá estão eles e elas a correr na passadeira, aflitos por abater os excessos invernosos. Os ginásios, quase vazios até à Primavera, de repente ganham vida. Há que voltar a poder caber naquelas calças e vestir um biquíni com dignidade, e assim atenuar a insegurança sazonal. Depois há-de vir o sol que bronzeia e também esconde. E nadar faz tão bem às pernas e à saúde. No Verão, a maior parte dos ginásios fecha, o que é bem-vindo nos casos raros dos clientes que os frequentam no mínimo quatro vezes por semana e assim descansam. Os outros não querem saber. A segunda época de desvario acontece depois dos cinquenta anos. Além do físico cada vez menos prodigioso, os efeitos da lei da gravidade começa a angustiar homens e mulheres. Cantores, actores e figuras que vivem da imagem parecem querer recuperar o irreparável através de intervenções cirúrgicas invasivas. Assim, rumores de que Madonna pode gastar 200 mil dólares a retocar a cara não surpreende muita gente. As operações plásticas e os ditos retoques são já um hábito nos nossos dias? A que se deve esta obsessão generalizada com a imagem?