Ao vivo
Tony Scott
Tinha ascendência siciliana- o seu verdadeiro nome era Anthony Sciacca- e morreu em Itália, em 2007, onde tinha escolhido viver há vários anos. De espírito inquieto, Tony Scott dizia: "I could never center myself in such a small world as normally is considered the world of Jazz. To me the word 'Jazz' means improvisation with a beat. That's all." Daí que o seu início auspicioso ao lado de Sarah Vaughan, Billie Holiday, Bill Evans, Kai Winding e Milt Hinton, na época do bebop e do cool jazz, tenha redundado num esquecimento injusto. Com o seu clarinete, Scott provou que o bebop não era uma música fechada aos saxofonistas e que o seu som e improviso podia ser tão cheio, imaginativo e poderoso quanto o dos saxofones alto e tenor. No final da década de 50, Tony Scott ainda gravou discos como My Kind of Jazz, com Bill Evans e Paul Motion, Sung Heroes, em piano, saxofone e bandolim, com o contrabaixista Scott LaFaro, e Golden Moments, com Pete LaRoca. Mas a desatenção do meio jazz e o seu permanente desejo de descoberta levaram-no a abandonar os Estados Unidos para correr mundo. A partir daí, o clarinetista anteciparia largamente as chamadas músicas do mundo, ambient e new-age music, ao gravar Music for Zen Mediation (1964), Homage to Lord Krishna (1967), Music for Voodoo Meditation (1971), em percussão, e Voyage Into a Black Hole (1988). A Jazz Life (2006), o seu último disco, regressa aos standards de Ellington, Monk, Gillespie e Strayhorn.
Vem tudo isto a propósito do documentário Io Sono Tony Scott/ I am Tony Scott- The Story of How Italy Got Rid of the Greatest Jazz Clarinetist (2010), que o italiano Franco Maresco fez ao longo de um período de três anos e que integra o cartaz do Estoril Film Festival 2010. Io Sono Tony Scott é exibido este domingo, 7 de Novembro, às 21.45, no Casino Estoril, e na 4ªf, 10 de Novembro, às 21.45, no Museu Paula Rego.
Pedro Madaleno (daqui), Gonçalo Prazeres
No bar Páginas Tantas há mais uma noite de jazz em duo, com o guitarrista Pedro Madaleno e o saxofonista Gonçalo Prazeres, esta 3ªf, 9 de Novembro, a partir das 21.30. Ao Bairro Alto.
A norte, o trompetista Dave Douglas apresenta o novo projecto Spark of Being, uma reflexão sobre o humano e a tecnologia baseada na história de Frankenstein, em colaboração com o realizador Bill Morrison, num espectáculo que cruza o cinema de Morrison e a música composta por Douglas para o seu grupo Keystone. Explorando a electrónica em tempo real e a improvisação, o projecto Spark of Being tem vindo a ser editado, desde Junho, em três partes: Soundtrack, com a banda sonora do filme, Expand, o disco jazz, e Burst, um registo que explora as ideias musicais desenvolvidas nos anteriores. No grupo Keystone, Dave Douglas é acompanhado por Marcus Strickland (saxofone tenor), DJ Olive (turntables, laptop), Adam Benjamin (Fender Rhodes), Brad Jones (baixo eléctrico) e Gene Lake (bateria). 3ªf, 9 de Novembro, na Casa da Música, às 22h.