Rádio Blogue: Publicidade agressiva
No primeiro programa da rentrée, o Rádio Blogue ouve as opiniões dos ouvintes sobre a importância dos debates eleitorais para as próximas legislativas.
Com Carla Hilário Quevedo e Antonieta Lopes da Costa
6ªf, 11 de Setembro- 10.35/ 19.35
Domingo, 13 de Setembro- 18.35
Nos dias que aí vêm queremos saber o que pensa sobre a publicidade agressiva. O texto é, como sempre, de Carla Hilário Quevedo, publicado aqui e no jornal Metro. Pode dar-nos a sua opinião também através do 21.351.05.90 até à próxima 5ªf, às 16h.
Publicidade agressiva
A organização alemã sem fins lucrativos Regenbogen (Arco-Íris, em português) apoiou uma campanha publicitária de prevenção da sida que tem sido alvo de forte controvérsia. Concebido para assinalar o Dia Mundial da Sida no próximo dia 1 de Dezembro, o anúncio televisivo mostra um homem e uma mulher a ter relações sexuais até ao momento em que a cara do homem é revelada e vemos um sósia de Adolf Hitler. O slogan da campanha é «a sida é um assassino em massa». Estaline e Saddam Hussein foram as outras duas figuras escolhidas para aparecer nos cartazes da mesma campanha idealizada pela agência de publicidade de Hamburgo, Das Comitee. O anúncio protagonizado pelo sósia de Adolf Hitler foi entretanto retirado do YouTube e organizações como a britânica National Aids Trust expressaram o seu repúdio pelo modo como o anúncio estigmatiza os doentes com sida e apenas reforça o preconceito contra estas pessoas. Será culpa, será marketing, bom gosto não será certamente, mas a sida também mata assim. O pormenor que salta à vista é a utilização de Adolf Hitler numa campanha de publicidade alemã. Os alemães não são famosos pela subtileza mas são bem conhecidos pela culpa. O marketing não é menos agressivo que o que tem vindo a ser utilizado em campanhas de prevenção rodoviária. A mensagem acaba também por ser a mesma: tanto os acidentes de viação como a transmissão da sida têm responsáveis. E é esta responsabilização que escandaliza as organizações de luta contra a sida. A ideia de o contágio acontecer por decisão ou negligência criminosas raramente é mencionada e isso compreende-se. Há que educar as pessoas em vez de as alarmar. Estima-se que até agora mais de trinta milhões de pessoas por todo o mundo tenham morrido na sequência desta terrível doença. Apesar das campanhas de alerta e dos métodos de prevenção, a sida mata actualmente cerca de seis mil pessoas por dia. O que pensa desta campanha publicitária? O que significa comparar uma epidemia a um genocídio?
Para ver o vídeo mencionado acima clique aqui.