Mulher salva dos destroços em Port-au-Prince, Haiti (daqui)
Em final de semana revemos os comentários de todos sobre a adopção por casais homossexuais.
Com Carla Hilário Quevedo e Antonieta Lopes da Costa
6ªf, 22 de Janeiro- 10.35/ 19.35
Domingo, 24 de Janeiro- 18.35
Para os próximos dias temos novo tema, proposto por Carla Hilário Quevedo. O texto é publicado aqui em parceria com o jornal Metro. Deixe-nos a sua opinião mais abaixo ou através do 21.351.05.90 até às 16h da próxima 5ªf.
Haiti
O tremor de terra no Haiti e a situação calamitosa em que o país se encontra têm ocupado os noticiários e as páginas dos jornais. A tragédia que aconteceu neste país miserável, sem meios para reagir à calamidade, sem hospitais nem medicamentos, nem conhecimento para resolver situações médicas graves, comoveu o mundo. É natural e é bom que assim seja. Histórias de famílias inteiras desaparecidas, relatos de crianças que se vêem de repente sozinhas no mundo, crónicas sobre alunos de medicina portugueses que pedem dispensa das aulas para poder ir ajudar as vítimas do sismo, notícias de bebés que entretanto nascem alheias ao desastre, tudo isto tem interesse jornalístico. Não se pretende do jornalismo que seja mecânico. É natural e positivo que os jornalistas presentes no Haiti se comovam perante aquilo que vêem. Cada um terá a sua maneira de relatar o que vê, mas não é possível – e ainda menos aconselhável – que neste caso extremo haja uma preocupação em conter lágrimas e medir muito as palavras. O que se passa neste momento naquele sítio do planeta só será indiferente a uma minoria. Desde a mera perplexidade sobre a má sorte daquele país desgraçado até aos donativos das estrelas de Hollywood para ajudar na fatalidade, nos últimos dias as vítimas do Haiti ficaram mais próximas de um mundo globalizado e habitualmente indiferente à má sorte alheia. Esta proximidade acontece sobretudo por causa das reportagens televisivas. Vivemos num mundo cada vez mais feito de imagens, que substituíram os relatos outrora feitos apenas por escrito. Se por um lado há um efeito perverso, que faz com que as pessoas achem que se um acontecimento não for transmitido pela televisão, então não existiu, também o facto de podermos ver as tragédias em directo, quer sejam guerras ou desastres naturais, impede que fechemos os olhos e dificulta a indiferença. É ou não correcto mostrar imagens chocantes das calamidades? Precisamos de imagens para compreender o sofrimento?