Lisboa, Campo Pequeno, 2007 (imagem daqui)
Em final de semana ouvimos os comentários que nos chegaram nos últimos dias sobre o bullying nas escolas.
Com Carla Hilário Quevedo e Antonieta Lopes da Costa
6ªf, 12 de Março- 10.35/19.35
Domingo, 14 de Março- 18.35
Tourada e cultura é o novo tema escolhido por Carla Hilário Quevedo, em parceria com o jornal Metro. Pode dar-nos a sua opinião mais abaixo ou, se preferir, através do 21.351 05 90, até às 16h da próxima 5ªf.
Touradas e cultura
Foram criadas duas novas secções no recuperado Conselho Nacional de Cultura: artes e tauromaquia. O anúncio está a suscitar polémica, não por causa da secção das artes, mas por a bizarra secção de tauromaquia. A Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, afirmou que «[a] tauromaquia existe e movimenta 650 mil espectadores. É nossa obrigação cumprir a lei e a lei diz que temos que a regular». A existência da secção é justificada porque a tauromaquia é uma das áreas que faz parte das competências do Ministério da Cultura e está sob a alçada da Inspecção Geral das Actividades Culturais (IGAC). Garantir, por exemplo, a segurança dos espectáculos artísticos é uma das suas competências. Encontramos o primeiro problema, talvez o mais superficial, nestas declarações da Ministra da Cultura. Se a função do Ministério da Cultura se esgota no cumprimento de leis, e não inclui suscitar perguntas quanto ao que se entende por «espectáculo artístico», então este é um organismo do Estado supérfluo. Se a burocracia fala mais alto na Cultura, será mais que suficiente um departamento ou mesmo um pequeno gabinete que trate da papelada. O segundo problema, bastante mais sério, é o sofrimento dos animais. Se considerarmos que um espectáculo artístico pode consistir em infligir sofrimento em animais para gáudio de um certo número de pessoas, então por que razão havemos de excluir da regulamentação as lutas de cães, por exemplo? Se o interesse do público e a receita da bilheteira são o mais importante não há como defender que as touradas são boas e as lutas de cães são más. Mesmo que as últimas, apesar de existirem, sejam ilegais. Há procura daí a oferta. Não interessa, portanto, o que se está a oferecer. Para os 650 mil consumidores de touradas em Portugal, Gabriela Canavilhas é uma óptima Ministra da Cultura. Elogiada pelo crítico de tauromaquia do Correio da Manhã, Gabriela Canavilhas depressa passou a Gabriela ‘Bandarilhas’ por defensores do direito dos touros a serem deixados em paz. As touradas devem ser proibidas? Se não, porque não?