O Jazz no Cinema: Dezembro na Cinemateca Portuguesa
Ao longo do mês de Dezembro, a Cinemateca Portuguesa dá a ver, ou a rever, uma série de filmes em que o jazz está presente, seja na temática, nos seus protagonistas ou na banda sonora. Cinema e Jazz, o nome do ciclo que começou na semana passada com Let's Get Lost, o comovente retrato de Chet Baker realizado por Bruce Weber, foi organizado por Joaquim Paulo, autor do livro Jazz Covers. Ao longo desta semana vamos poder ver...
Paris Blues/ Noites de Paris (1961) de Martin Ritt. Abaixo, o trailer original.
Protagonizado por Paul Newman, no papel de um trombonista americano em Paris, e por Sidney Poitier, um saxofonista tenor, também exilado na capital francesa, Paris Blues não teve uma grande recepção na altura da estreia, à excepção dos elogios feitos à banda sonora, composta por Duke Ellington e Billy Strayhorn, e à participação de Louis Armstrong, numa das raras vezes em que tem uma personagem que não seja ele próprio. Paris, cidade que há décadas acolhe músicos de jazz norte-americanos, é aqui cenário de dramas que envolvem questões raciais, liberdade artística e direitos civis.
Para ver na Cinemateca Portuguesa, 4ªf, 9 de Dezembro, às 21.30.
"Shadows", John Cassavetes
Geralmente considerado como o filme que deu início ao cinema independente norte-americano, Shadows (1959) foi a primeira longa-metragem de John Cassavetes e nela já estavam os princípios que nortearam a filmografia do realizador: uso não convencional da câmara, a ausência de um guião, o retrato dos dramas das pessoas comuns e, sobretudo, o trabalho com os actores centrado na improvisação. Com alguma música composta por Charles Mingus, Shadows tem uma relação com o jazz ao adoptar uma postura de improvisação- como sublinha na já célebre frase que encerra o filme: "The film you have just seen was an improvisation" (O filme que acabou de ver foi uma improvisação). As noites de Manhattan, amores e amizades entre brancos e negros, a música e a arte, são alguns dos temas do filme. 5ªf, 10, na Cinemateca Portuguesa, às 19h.
A semana termina com Belarmino, o filme documental que Fernando Lopes realizou em 1964, sobre Belarmino Fragoso, antigo campeão de boxe de origem humilde a quem a vida em Lisboa consome os sonhos. A Lisboa da década de 60, cinzenta e crua, a fotografia de Augusto Cabrita e o jazz, escolhido por Manuel Jorge Veloso e Justiniano Canelhas, tocado pelo Conjunto Hot Clube de Portugal (Jean-Pierre Gebler, Justiniano Canelhas, Bernardo Moreira e Manuel Jorge Veloso), para ver 6ªf, 11, às 19.30, antecedido da curta As Palavras e os Fios, de Fernando Lopes.