Guerra e Paz
"Os passageiros de uma das carruagens do comboio que na noite de 9 de Dezembro de 1918 cruzava as planícies do Sul em direcção ao Barreiro sentiam-se visivelmente incomodados. Um sujeito que entrara na estação de Garvão não parava de criticar o Presidente da República, Sidónio Paes, com palavras que eriçavam a ordeira audiência.
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'Dizem que é valente!', ironizava o homem do Garvão, 'onde é que ele mostrou a valentia?' Duas passageiras não se conseguiram conter e ali mesmo 'fizeram do presidente a mais entusiástica defesa'. Mesmo um viajante espanhol, 'até certa altura calado, fez também a defesa do senhor presidente'. Um viajante mais afoito perguntou-lhe as razões do ódio a Sidónio. José Júlio da Costa, assim se chamava o contundente crítico, 'respondeu com azedume:- Meti um requerimento para ir a França e ele indeferiu'."
No próximo dia 14 de Dezembro assinalam-se 90 anos da morte de Sidónio Paes, que tomou posse, como Presidente da República, a 10 de Maio de 1918. O episódio marcou o curso da história do país e é objecto de uma reportagem de Alberto Franco e Paulo Barriga, ambos autores com trabalhos publicados na imprensa portuguesa, no campo da História e da Memória.
A empolgante história de José Júlio da Costa, O Homem que Matou Sidónio Paes, é tema de conversa, amanhã, com Paulo Barriga e Antonieta Lopes da Costa.
3ªf., 25 de Novembro- 10.35