Rádio Blogue: France Telecom
Este fim-de-semana regressa a crónica de Carla Hilário Quevedo, em parceria com o jornal Metro, trazendo a debate as questões do suicídio e do assédio moral no trabalho, a propósito da notícia recente do suicídio de um funcionário da France Telecom. Além da France Telecom, os sindicatos devem ser responsabilizados por não terem agido a tempo? Se não tivesse havido suicídios, esta política cruel teria passado despercebida? Deixe a sua opinião, se preferir, através do 21. 351. 05.90 até às 16h da próxima 5ªf.
France Telecom
A recente notícia do suicídio de um funcionário da France Telecom relembra a vaga de suicídios que há cerca de dois anos levou à intervenção do governo de Nicolas Sarkozy. No período de um ano e meio, 44 funcionários da France Telecom suicidaram-se. Segundo os sindicatos, as mortes foram devidas à política selvagem de reestruturação da empresa. Um relatório da inspecção do trabalho confirmou, em 2010, que a France Telecom tinha o objectivo de eliminar 22 mil postos de trabalho, poupando assim sete mil milhões de euros. Transferências abruptas de cidade e mudança repentina de funções eram estratégias adoptadas pela empresa para minar a moral dos funcionários. Foram precisos 44 suicídios para que, em finais de 2009, o número dois da empresa, Louis Wenès, apontado como o principal responsável pelas políticas adoptadas, fosse afastado do cargo. Meses depois, era o presidente executivo do grupo, Didier Lombard, que saía. Pressionado pelo governo, Stéphane Richard assumiu o cargo com a tarefa de alterar as condições de trabalho. Em 2010, 25 funcionários suicidaram-se. Há dias, um homem de 57 anos, pai de quatro filhos, imolou-se no parque de estacionamento à saída da empresa, em Mérignac. O suicídio reabre a polémica sobre a política de «assédio moral» da France Telecom. Uma das estratégias consistia em mudar as funções de empregados altamente qualificados. De um dia para o outro, a empresa fazia ver a estas pessoas que o seu conhecimento e a sua dedicação eram irrelevantes e que podiam muito bem passar a tratar de avarias. Depois era só uma questão de tempo. Além da France Telecom, os sindicatos devem ser responsabilizados por não terem agido a tempo? Se não tivesse havido suicídios, esta política cruel teria passado despercebida?